sábado, 9 de junho de 2007

Segunda elegia


o homem perturbado
dialoga com a vida
e há quem diga
que é um baseado
ou que é heroína
mas ele encena
a luta diária
de se dar por nada, na perda
no movimento do outros.

o homem entende
com seus olhos invertidos
vê o que ninguém mais consegue
enxuga seus lábios tardios
enfastiados de agonia
para tentar ser feliz
vomita Euclides da Cunha
e drogas ilícitas
para se livrar das grades.

o homem interna-se
só há grades nos outros
no mundo e em si
no retrair do músculo
na tensa paz vazia
nas ocupações diárias
tenta ser livre
e solta seu verbo
na Jaceguaí.

o homem olha-se
e não vê-se completo
vê-se coagido e liberto
e dança parado
com a fumaça do fumo
e se vai com ela
como se fosse o único
a ver, a sentir, amar e perder
tudo que desejou na vida.



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7 comentários:

Anônimo disse...

Belo poema!

Também gostei muito do texto "O vestido" (que li num dos teus blogs, já não me lembro qual deles).


Abraços, flores, estrelas...

Anônimo disse...

Tem a dimensão da beleza disso, moça? Se não tem vou te dizer, está como você diz, orgásmico!

octavio roggiero neto disse...

olha, Larissa, estou boquiaberto! você assimila imparmente a rotina! sua Poesia é irresistível e precisa! e eu sou todo exclamações agora...

só um detalhe: adorei seu nome, é forte! sei lá, é nome de escritora famosa...

cê já me ganhou só com esta Segunda elegia!

bendito seja Antônio Alves!

té mais ler!

octavio roggiero neto disse...

toc-toc! tem alguém aí?

Anônimo disse...

Relendo.
Deliciosamente.
Abraços, flores, estrelas.

Anônimo disse...

Olha é a primeira vez que venho aqui...são tantos blogs...rs!

medusa que costura insanidades disse...

Caí dentro dessa poesia abismal e bela....