fala-me baixo seus segredos
como se proferisse uma prece
e isso me encanta
parece-me que se esconde de si
para se mostrar inteiro para mim
sussurra para não se ouvir
quase ora em meus ouvidos
e isso me excita
ser seu deus
ser seu carrasco
causar-te amor e asco
numa conjunção afetiva
tão frágil e forte
tão nada e absurdo
desprezível e tão essencial
as contradições me inspiram
suas orações me inspiram
e quando me fala
sou todo ouvidos.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
Já está à venda!
O Oco e o homem
A parte "He" da trilogia poética de Larissa Marques.
" O homem que se quer livre 'vomita Euclides da Cunha' é 'como se fosse o único a ver, a sentir, amar e perder'. Acha-se mito. E é onde se engana. Larissa é simbolista, modernista, dizem que Balzaquiana, mãe, afogada como ‘eu-poeta’ pela repetição em eco do comum das coisas - brasileira; todavia, consternada frente ao marasmo da existência, do mundo como embuste, do homem como um câncer, como máquina sensual (objeto de transcendência), prostituído, a poeta é precavida contra o ‘lirismo que não é libertação’. "
Com capa de Aline Castro e prefácio do acadêmico Muryel de Zoppa, O oco e o homem já está à venda!
Garanta já o seu!
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O Oco e o homem
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
não morrerei de fumo
não morrerei de fumo
morrerei por falta de prumo
e hoje meu coração habita
numa das travessas da Brigadeiro
nada me serve de norte
a não ser o que me move
um sorriso baldio e largo
no largo do Bexiga
que as garoas insistam na Paulista
quem sabe assim eu desista
de procurar o que se perdeu
e perder o que nunca foi meu.
morrerei por falta de prumo
e hoje meu coração habita
numa das travessas da Brigadeiro
nada me serve de norte
a não ser o que me move
um sorriso baldio e largo
no largo do Bexiga
que as garoas insistam na Paulista
quem sabe assim eu desista
de procurar o que se perdeu
e perder o que nunca foi meu.
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segunda-feira, 20 de agosto de 2007
ainda sob o efeito do homem
ainda sob o efeito do homem
cala-se em devoção
venera-o
“Oh, falo de ouro!
Oh, servo das videiras!”
se o tempo parasse
se a vida sucumbisse
mas o tempo vai lento, beirando ao bento
e a vida lateja em seus sexos
oram e contemplam esse instante eterno
mas há luta calada
há sentimento velado
sobrevivente ferido, de inúmeras batalhas
rasgado em seu regalo atingido
visgo aflito e despretensioso
quase iluminado
acometido de uma dor pulsante
que fere a alma errante
que já não quer se defender
abre tuas pernas em sinal de voto vencido
e entrega-se ao prazer terminal
que cala a terra
assola as indagações
e espalha-se sobre os dois corpos
invasor e invadido
dilaceram-se incondicionalmente
as horas não vencem nada
as diferenças não separam os eternos
são independentes, dicotômicos e seus
um cresce frutificado, o outro o colhe em uvas
mas a um terceiro é dado o privilégio do fruto
Os mais preciosos e maduros
permitem-se ao chão
entregam-se à boca serva
que se delicia com o estalo proibido
um explode na entrega de sua essência, o outro saboreia-a
despudoradamente inconseqüentes alimentam-se
do gozo visceral
quase secreto, quase em fuga
um sussurra quase que para ser ouvido,
o outro ouve quase que para crer
ambos refestelam-se
num elo infinito
no beijo mais profundo
e mais silencioso
que ecoa em seus olhos
e num poente de doação finita
final.
cala-se em devoção
venera-o
“Oh, falo de ouro!
Oh, servo das videiras!”
se o tempo parasse
se a vida sucumbisse
mas o tempo vai lento, beirando ao bento
e a vida lateja em seus sexos
oram e contemplam esse instante eterno
mas há luta calada
há sentimento velado
sobrevivente ferido, de inúmeras batalhas
rasgado em seu regalo atingido
visgo aflito e despretensioso
quase iluminado
acometido de uma dor pulsante
que fere a alma errante
que já não quer se defender
abre tuas pernas em sinal de voto vencido
e entrega-se ao prazer terminal
que cala a terra
assola as indagações
e espalha-se sobre os dois corpos
invasor e invadido
dilaceram-se incondicionalmente
as horas não vencem nada
as diferenças não separam os eternos
são independentes, dicotômicos e seus
um cresce frutificado, o outro o colhe em uvas
mas a um terceiro é dado o privilégio do fruto
Os mais preciosos e maduros
permitem-se ao chão
entregam-se à boca serva
que se delicia com o estalo proibido
um explode na entrega de sua essência, o outro saboreia-a
despudoradamente inconseqüentes alimentam-se
do gozo visceral
quase secreto, quase em fuga
um sussurra quase que para ser ouvido,
o outro ouve quase que para crer
ambos refestelam-se
num elo infinito
no beijo mais profundo
e mais silencioso
que ecoa em seus olhos
e num poente de doação finita
final.
sábado, 9 de junho de 2007
Segunda elegia
o homem perturbado
dialoga com a vida
e há quem diga
que é um baseado
ou que é heroína
mas ele encena
a luta diária
de se dar por nada, na perda
no movimento do outros.
o homem entende
com seus olhos invertidos
vê o que ninguém mais consegue
enxuga seus lábios tardios
enfastiados de agonia
para tentar ser feliz
vomita Euclides da Cunha
e drogas ilícitas
para se livrar das grades.
o homem interna-se
só há grades nos outros
no mundo e em si
no retrair do músculo
na tensa paz vazia
nas ocupações diárias
tenta ser livre
e solta seu verbo
na Jaceguaí.
o homem olha-se
e não vê-se completo
vê-se coagido e liberto
e dança parado
com a fumaça do fumo
e se vai com ela
como se fosse o único
a ver, a sentir, amar e perder
tudo que desejou na vida.
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quinta-feira, 7 de junho de 2007
a casa do homem
a casa do homem
com suas portas abertas
sentidos todos e alerta
visão turva de lágrimas
de quem quer se sacrificar
a casa do homem
com suas janelas incertas
pele alva e repleta
boca serva e viril
de quem quer saciar
a casa do homem
com sua alma liberta
sangue fervilha, intenta
sexo altivo e cativo
de quem quer penetrar
a casa do homem
templo de afeto maior
que nada exige
além do gozo afável
de um corpo no luxo de tê-lo.
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terça-feira, 5 de junho de 2007
em plena Paulista
em plena Paulista
trava-se uma guerra silenciosa
nenhum passante se dá conta
da angústia caminhante
as lembranças transitam
sentido Brigadeiro
a realidade chama
para o lado oposto
os passos firmes em destino certo
alcançam o viaduto da Treze
um novo Bexiga renasce hoje
nos olhos de calos
saudosos e ansiosos
quase encantados
desapercebidos do tempo
deparam-se com o templo
carcomido pelas horas falhas
por década encoberto
a estátua do saguão central
o santo desvirtuado
ainda voltava seus olhos para o oratório
e sorria, num sorriso tão largo
guardava mesmo o aroma
contemplam-no imóvel, em devoção
a imagem sussurra e o pagão ouve
entrega-se em orações
livra-se das dores mundanas
e de olhos vidrados, entrega-se.
Convido você, caro leitor a conhecer:
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